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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Artigo: Agrotóxico - que nome dar?

Autores: Márcia Gomide
Periódico: Scientific Electronic Library Online - SciELO
Ano de publicação: 2005

Petiano Responsável: Shayne Moura

Fig 1. Trabalhadores aplicando agrotóxicos sem a utilização de
EPI adequados. Foto: sakhorn
O estudo de Marcia Gomide foi desenvolvido com base em pesquisa realizada com agricultores de subsistência, pequenos agricultores e grandes agricultores, de dois municípios do sudeste do Piauí (São João do Piauí e João Costa), com o objetivo de identificar a maneira que os produtores desses municípios enxergam a utilização de produtos químicos, assim como os riscos envolvidos. 
Hoje a utilização de defensivos é essencial para garantir um alto rendimento da cultura, devido a grande demanda de alimentos em consequência do crescimento populacional. Essa realidade, em alguns casos, proporciona ao produtor buscar lucros e esquecer a segurança. 
Considerando os possíveis danos que a exposição aos produtos químicos potencialmente tóxicos utilizados no cultivo de alimentos podem causar à saúde humana e ao meio ambiente e que a forma com que se lida com tais produtos é significativa para o agravamento da situação de risco, são indispensáveis a utilização correta dos equipamentos de proteção individual (EPI) e o período de carência do produto, que se refere ao período que a molécula ativa age sobre a planta, deve ser respeitado, sendo aconselhável a não entrada no campo e muito menos a colheita dos produtos.
Fig 2. Componentes do EPI e procedimentos corretos para a
sua retirada.
A realidade, porém, é diferente do que é aconselhável. A pesquisa mostrou que mesmo os agricultores que garantiram tomar os devidos cuidados relativos ao armazenamento do produto, foi verificado que as embalagens se encontravam muitas vezes entre os ramos de plantas, galhos de árvores e até mesmo em partes anexas das residências.
Todos pequenos agricultores pareciam conhecer de certa forma os riscos que tais produtos ofereciam
a saúde. Assim eles relataram que jovens de 17 anos eram contratados para a aplicação pois os homens com 25 anos ou 26, já não possuíam mais condições de continuar a trabalhar na aplicação.
Todos relataram conhecer alguém que já passou mal após a aplicação do produto e se referem ao agrotóxico como veneno. Apesar de os agricultores entrevistados no presente estudo terem a noção de que não estão lidando com remédios e sim com venenos, isso não os torna mais protegidos; ao contrário, os cuidados no preparo e aplicação praticamente não são seguidos, ou o são de forma incipiente.
Enquanto que os agricultores do nordeste se referem ao agrotóxico como veneno, os do sul e sudeste o chamam de remédio. Talvez, pelo fato de as grandes empresas fabricantes de agrotóxicos estarem localizadas na região sul-sudeste, aliado a diversos outros fatores de ordem histórica, sociopolítica e econômica, menos programas e propagandas cheguem aos piauienses, deixando-os, de certa forma, distantes de uma prática de maquiagem destes produtos químicos, que modificam a imagem de veneno, transformando-os em remédio.
Vimos então que o modo como são chamados tais produtos, não interferem na forma de utilização e que medidas que conscientizem os produtores da importância da utilização correta dos agrotóxicos devem ser tidas como prioridade.

Para visualização completa do artigo clique aqui.

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