Querido
ecoleitor, vamos revelar uma novidade para abalar com seus conhecimentos sobre
répteis!
Biólogos
canadenses e brasileiros do Instituto de biociências da Universidade Estadual
Paulista (Unesp), com o apoio da FAPESP, recentemente descobriram um caso de
endotermia em lagartos da espécie Salvator
merianae, popularmente conhecidos como teiús ou tejus. São lagartos de
grande porte, podem atingir um comprimento total de 2m.
A princípio
os pesquisadores mantiveram quatro indivíduos (dois machos e duas fêmeas) em
cativeiro com suas temperaturas e frequências cardíacas monitoradas por um ano.
A partir disso, puderam observar a oscilação da temperatura corporal desses
lagartos. E foi aí que tiveram a grande surpresa!
No período do acasalamento, a temperatura do corpo dos animais permanece elevada, vários graus acima da temperatura do ambiente. |
O resultado
esperado seria que temperatura corporal dos lagartos oscilasse de acordo com a
temperatura do ambiente, em todos os meses do ano. Ao contrário disso, os
lagartos apresentaram temperaturas corporais mais elevadas que a do ambiente
durante os meses de atividade reprodutiva, do início de abril ao início de
setembro, evidenciando o hábito endotérmico e não ectotérmicos da espécie, como
já é bastante convencional na literatura científica para os répteis em geral.
Para
comprovar esta hipótese, os estudiosos confinaram dez indivíduos em uma câmara
climática com temperatura constante e novamente suas temperaturas foram
monitoradas. O resultado foi o mesmo! Os lagartos conseguiram manter suas
temperaturas corporais acima da temperatura do ambiente em que estavam.
Interessante
que não houve divergência entre as temperaturas de machos e fêmeas. O esperado
era que a temperatura das fêmeas fosse maior que as dos machos pelo
investimento energético na formação dos ovos e na produção de gametas, mas
supõe-se que os machos também necessitem que temperaturas mais elevadas por
serem territorialistas e constantemente enfrentarem disputas com outros machos.
Apesar desta descoberta parecer um pouco insignificante (embora
bombástica), traz dados muitos interessantes quando pensamos em evolução! Esses
lagartos podem ter sido os precursores de toda uma linhagem endotérmica, que
são as aves e os mamíferos. O próximo passo dos pesquisadores é descobrir se
este comportamento térmico do Salvator
merianae ocorre em outros répteis.
Petiana Responsável: Katharina Nino
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