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terça-feira, 24 de março de 2015

Artigo: Estrutura da assembleia de peixes de uma lagoa marginal desconectada do rio, no submédio Rio São Francisco, PE

Artigo: Sandra Cristina Soares da Luz, Ana Carla Asfora El-Deir, Elton José de França & William Severi.

Periódico: Biota Neotropica

Ano de Publicação: 2009

Petiano Responsável: Cecília Craveiro

Objetivou-se analisar a composição ictiofaunística de uma lagoa marginal inserida no trecho submédio do Rio São Francisco, a partir da interrupção de sua ligação com a calha principal do rio, e dos efeitos da diminuição do nível da água sobre a riqueza, diversidade, abundância e participação dos diferentes grupos tróficos. As coletas de peixes foram realizadas mensalmente, entre março/2007 até fevereiro/2008, utilizando-se uma bateria de redes de espera (Camboa) com uma exposição mínima de 12 horas, no período noturno. Para a complementação do levantamento da ictiofauna, foram utilizados diferentes apetrechos, sendo eles: rede de arrasto, empregadas em áreas abertas e sem vegetação; tarrafas, puçás e peneiras. Ao todo foram coletados 4.638 espécimes, distribuídos em 16 famílias e 47 espécies das ordens Characiformes, Cyprinodontiformes, Siluriformes, Perciformes, Gymnotiformes e Clupeiformes.  Observou-se que os Characiformes foram os mais abundantes, sendo 87,3% dos exemplares de pequeno e médio porte. Dentre as espécies encontradas, 26,7% são constantes, 35,6% acessórias e 37,8% acidentais. Characidae concentra a maioria das espécies e indivíduos, seguida de Acestrorhynchidae. Moenkhausia costae, Triportheus guentheri, Pygocentrus piraya e Prochilodus argenteus apresentaram constância de 100%. 

Lagoa do Curralinho no Vale do São Francisco
Os Invertívoros e piscívoros dominaram quantitativamente e sua biomassa indica um domínio de predadores, tendo os detritívoros apresentado a segunda maior biomassa. Houve uma predominância de espécies sedentárias, com poucos exemplares de espécies migradoras, das famílias Anostomidae e Prochilodontidae e Salminusfranciscanus. Quanto às espécies introduzidas na bacia, foram capturadas Oreochromis niloticus, Plagioscion squamosissimus, Cichla spp. e Metynnis spp., correspondendo, juntas, a 1,05% da biomassa de todos os exemplares. Apesar de sua reduzida biomassa em comparação àquela das espécies autóctones, pode-se observar que elas tiveram um aumento ao longo do período estudado, tendo alcançado na fase seca, mais de 25% de sua biomassa total. Em contrapartida, as espécies autóctones tiveram uma alta da biomassa, porém não ultrapassando 15% do total.  A riqueza, diversidade e equitabilidade apresentaram-se relativamente altas durante todo o período de estudo.  A partir desse estudo, pode-se observar que a lagoa Curralinho é um importante ambiente de abrigo, alimentação e descanso para a ictiofauna, mantendo peixes forrageiros que servem de base para a cadeia trófica e a sustentação pesqueira. Tendo em vista essa importância ecológica, faz-se necessário o desenvolvimento de políticas ambientais e práticas de manejo que preservem a integridade desses habitats e a funcionalidade de seu papel na conservação da ictiodiversidade deste trecho da bacia do São Francisco.



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