Artigo: Sandra Cristina Soares da Luz, Ana Carla Asfora El-Deir, Elton José de França & William Severi.
Periódico: Biota Neotropica
Ano de Publicação: 2009
Petiano Responsável: Cecília Craveiro
Objetivou-se analisar a composição ictiofaunística de uma
lagoa marginal inserida no trecho submédio do Rio São Francisco, a partir da
interrupção de sua ligação com a calha principal do rio, e dos efeitos da
diminuição do nível da água sobre a riqueza, diversidade, abundância e
participação dos diferentes grupos tróficos. As coletas de peixes foram
realizadas mensalmente, entre março/2007 até fevereiro/2008, utilizando-se uma
bateria de redes de espera (Camboa) com uma exposição mínima de 12 horas, no
período noturno. Para a complementação do levantamento da ictiofauna, foram
utilizados diferentes apetrechos, sendo eles: rede de arrasto, empregadas em
áreas abertas e sem vegetação; tarrafas, puçás e peneiras. Ao todo foram
coletados 4.638 espécimes, distribuídos em 16 famílias e 47 espécies das ordens
Characiformes, Cyprinodontiformes, Siluriformes, Perciformes, Gymnotiformes e
Clupeiformes. Observou-se que os
Characiformes foram os mais abundantes, sendo 87,3% dos exemplares de pequeno e
médio porte. Dentre as espécies encontradas, 26,7% são constantes, 35,6%
acessórias e 37,8% acidentais. Characidae concentra a maioria das espécies e
indivíduos, seguida de Acestrorhynchidae. Moenkhausia costae, Triportheus
guentheri, Pygocentrus piraya e Prochilodus argenteus apresentaram constância
de 100%.
Lagoa
do Curralinho no Vale do São Francisco
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Os Invertívoros e piscívoros dominaram quantitativamente e sua
biomassa indica um domínio de predadores, tendo os detritívoros apresentado a
segunda maior biomassa. Houve uma predominância de espécies sedentárias, com
poucos exemplares de espécies migradoras, das famílias Anostomidae e
Prochilodontidae e Salminusfranciscanus. Quanto às espécies introduzidas na
bacia, foram capturadas Oreochromis niloticus, Plagioscion squamosissimus,
Cichla spp. e Metynnis spp., correspondendo, juntas, a 1,05% da biomassa de
todos os exemplares. Apesar de sua reduzida biomassa em comparação àquela das
espécies autóctones, pode-se observar que elas tiveram um aumento ao longo do
período estudado, tendo alcançado na fase seca, mais de 25% de sua biomassa
total. Em contrapartida, as espécies autóctones tiveram uma alta da biomassa,
porém não ultrapassando 15% do total. A
riqueza, diversidade e equitabilidade apresentaram-se relativamente altas
durante todo o período de estudo. A
partir desse estudo, pode-se observar que a lagoa Curralinho é um importante
ambiente de abrigo, alimentação e descanso para a ictiofauna, mantendo peixes
forrageiros que servem de base para a cadeia trófica e a sustentação pesqueira.
Tendo em vista essa importância ecológica, faz-se necessário o desenvolvimento
de políticas ambientais e práticas de manejo que preservem a integridade desses
habitats e a funcionalidade de seu papel na conservação da ictiodiversidade
deste trecho da bacia do São Francisco.
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