O grindadráp – que no dialeto feroês significa literalmente assassinato de baleias – é uma prática tradicional nas Ilhas Faroé, território dinamarquês localizado entre a Escócia e a Islândia, que consiste na caça de baleias-piloto, cetáceo que é na verdade da família dos golfinhos.
A matança, que ocorre periodicamente no arquipélago, é feita da seguinte maneira: barcos de pesca empurram as baleias para as praias e baías, encurralando-as. Depois, os animais são golpeados e cortados com facas e ganchos até a morte. A organização Sea Shepherd considera inclusive as ilhas Faroé como a “Taiji da Europa”, em uma alusão à caça de baleias que ocorre na cidade de Taiji, no Japão.
Por essa razão, neste ano a Sea Shepherd lançou a Operação GrindStop 2014, que enviou centenas de ativistas para as ilhas a fim de tentar evitar o massacre, que a cada temporada tira a vida de centenas de baleias-piloto.
Os voluntários estão no arquipélago para patrulhar o oceano e as praias, embora nos últimos dias os feroeses tenham bloqueado as rampas de acesso ao mar, impedindo que os ativistas enviem seus barcos para algumas das ilhas do arquipélago. Os voluntários devem ficar nas Faroé até outubro.
Os habitantes locais alegam que o grindadráp é seu direito cultural, e que o consumo da carne de baleia é um costume multi-centenário nas ilhas e necessário para a o sustento da população.
Além disso, eles afirmam que a Sea Shepherd utiliza de qualquer meio para justificar suas ações, como usar laser para cegar os baleeiros, cortar redes de pesca e jogar garrafas de ácido nas embarcações feroesas.
Já ONG declara que a prática da caça é cruel e obsoleta, e que a carne das baleias-piloto contém níveis muito altos de mercúrio, sendo, portanto, imprópria para o consumo humano.
“O argumento da subsistência não é mais válido, isso agora é mais entretenimento do que qualquer outra coisa, um massacre obsoleto”, observou Alex Cornelissen, diretor da organização, à AFP.
Desde o início da prática, a ONG estima que tenham sido mortos 265 mil pequenos cetáceos das Ilhas Faroé, principalmente entre os meses de junho e outubro. Entre julho de 2013 e junho de 2014, a Sea Shepherd acredita que 1,5 mil baleias tenham sido caçadas.
A organização já pediu a intervenção da Dinamarca no assunto, mas alega que os dinamarqueses insistem que o território não é membro da União Europeia, e por isso não precisa responder às leis sobre caças das baleias do bloco.
Ainda assim, a ONG diz que possui um grande apoio, e que vai lutar contra a matança “com mais força do que nunca.”
“Há mais de 500 voluntários de 27 países que se inscreveram para se unir a nós. Pessoas de todo o mundo condenam a matança de baleias-piloto nas Ilhas Faroé e estamos dispostos a arriscar nossas vidas para proteger as baleias. A equipe em terra está monitorando todas as praias onde há matança e estamos preparados para parar o grindadráp se ele ocorrer”, concluiu Scott West, diretor de campanha da ONG, em uma coletiva de imprensa.
Fonte: Instituto Carbono Brasil
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