Fonte: Agência France Presse.
SYDNEY - A Austrália criou oficialmente na quinta-feira (15) a maior rede mundial de reservas marinhas, que protege mais de 2,3 milhões de quilômetros quadrados de oceano ao redor da ilha continente, apesar da revolta do setor pesqueiro, que teme o fim de postos de trabalho e prejuízos para as comunidades costeiras.
A rede de seis regiões marinhas, apresentada em junho, permitirá proteger de modo mais eficiente várias espécies em risco de extinção, como a baleia azul. O anúncio da criação da zona marinha protegida foi feito após vários anos de consultas "Nossos oceanos estão seriamente ameaçados", afirmou o ministro do Meio Ambiente, Tony Burke. "Devemos implementar várias ações para restabelecer a saúde de nossos mares. Criar parques nacionais faz parte destas ações", completou.
Em outubro, a Austrália admitiu "negligência" na preservação da grande barreira de corais, que perdeu mais da metade da cobertura em três décadas em consequência das tempestades, da depredação e do aquecimento global. "Não queremos que no futuro as pessoas só possam conhecer a beleza de nossos oceanos através de aquários ou vendo "Nemo"", o famoso desenho animado que transcorre em grande parte perto do litoral australiano, declarou Tony Burke.
O anúncio provocou a revolta dos pescadores. Sessenta comunidades costeiras se verão afetadas, serão perdidos 36.000 postos de trabalho e de 70 a 80 empresas pesqueiras deverão mudar-se, segundo um relatório da Aliança Marinha Australiana, que representa os pescadores.
Um estudo australiano publicado em maio pelo jornal especializado Current Biology demonstrou, em compensação, pela primeira vez que os parques marinhos permitem uma reconstituição progressiva das reservas além de seus perímetros, nas zonas de pesca vizinhas, uma teoria criticada pela indústria pesqueira.
Burke assegurou que a criação desta área afetará 1% do setor da pesca comercial australiana e instaurou um fundo de ajuda de 100 milhões de dólares australianos (100 milhões de dólares) para as empresas afetadas. Um total considerado insuficiente pela Associação de Pesca da Commonwealth, enquanto que o ministro da Pesca do Estado de Queensland, John McVeigh, classificou o anúncio do governo trabalhista de "loucura".
Este parque proibirá a pesca em amplas zonas das costas norte e central deste Estado do nordeste. "Isto vai supor uma forte importação de produtos marinhos, o que fragilizará os recifes e o ambiente marinho em outros países", advertiu o ministro de Queensland.
A Fundação Australiana para a Proteção do Meio Ambiente se alegrou com a criação desta rede de parques, mas advertiu que muitas zonas permanecem ameaçadas pela exploração humana dos recursos naturais. "A rede proíbe a exploração de gás e petróleo Mar de Corais (nordeste) e frente ao Margaret River (Austrália ocidental), mas a região noroeste, em particular a costa de Kimberley, continua sendo vulnerável", afirma a Fundação.
Da Agência France Presse. Foto: Roslan Rahma/AFP.
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