Autores: Cleber J. R. Alho
Periódico: Estudos Avançados
Ano de Publicação: 2012
Petiano Responsável: Anderson Coutinho
O termo biodiversidade, hoje consagrado na literatura, refere-se à diversidade biológica para designar a variedade de formas de vida em todos os níveis, desde micro-organismos até flora e fauna silvestres, além da espécie humana. Contudo, essa variedade de seres vivos não deve ser visualizada individualmente, mas sim em seu conjunto estrutural e funcional, na visão ecológica do sistema natural, isto é, no conceito de ecossistema.
Fig.1. Cuidar da biodiversidade é assegurar a vida |
Os conquistadores europeus que chegaram aqui nos séculos XV e XVI trouxeram doenças infecciosas como varíola e tifo, que dizimaram cerca de 50 milhões de povos nativos da América do Sul (Daszak et al., 2000). Hoje, com o tamanho da população humana global de 6,8 bilhões de habitantes (US Census Bureau, 2010), em 2012 já com mais de sete bilhões de habitantes (WorldMeters: http://www.worldometers.info/world-population/) e a do Brasil, com estimados 192,8 milhões de habitantes (IBGE, 2010), o avanço da biotecnologia na produção de alimento, pela agricultura e pecuária, tem propiciado valores nutricionais em quantidade e qualidade que implicam direta e positivamente a saúde humana. Esse progresso também influi em valores indiretos. Como exemplo, dois aspectos podem ser identificados: a redução do emprego de defensivos agrícolas químicos – que têm potencial efeito negativo na saúde humana (Pimentel et al., 1991, 1995) – e a maior produtividade de grãos – que permite alimentar o número crescente da população, como no caso da soja do Cerrado do Brasil central (Phipps & Park 2002; Pretty et al., 2003).
A literatura científica tem mostrado essa tendência, enfocando nos valores ético, econômico, cultural, recreativo, intelectual, científico, espiritual, emocional e estético da biodiversidade (Alho, 2008); custos ambientais e econômicos da erosão de solos (Pimentel et al., 1995) e como a saúde humana depende da biodiversidade (Chivian & Bernstein, 2008; Mindell, 2009a). Em países considerados detentores de alta biodiversidade, com grande território, como o Brasil, a questão da biodiversidade tem enorme relevância, de importância estratégica, incluindo o destaque político no contexto global. Em consequência, o uso e a ocupação do solo, com avanço em áreas naturais, têm forte implicação com a saúde e o bem-estar humano.
A biotecnologia tem procurado também novos meios de cura com base em novos componentes químicos ou princípios ativos de produtos da biodiversidade, no potencial farmacêutico de inúmeras espécies de micro-organismos, plantas e animais, além da busca da medicina preventiva nesses novos produtos da diversidade biológica. Esse segmento de pesquisa científica tem apresentado rápido progresso, com contribuição da biologia molecular, genética, engenharia genética, bioquímica, farmacologia, com descobertas de novos antibióticos, agentes antivirais, vacinas e, até mesmo, com o emprego da nanotecnologia para combate a tumores malignos (Mindell, 2009b).
A importância da biodiversidade para o bem-estar e a saúde humana só ganhou maior destaque quando o processo de perda da diversidade biológica alertou para a necessidade da conservação e do uso racional dos recursos vivos, com proteção ao fluxo de serviços dos ecossistemas naturais. E também diante da escalada de impactos causados pelo homem na biosfera e do reconhecimento da valoração dos ecossistemas naturais e do imenso potencial que as espécies têm para a economia humana em geral e como fonte potencial de fármacos em particular (Millennium Ecosystem Assessment, 2005; Chivian & Bernstein, 2008).
Para leitura completa do artigo clique aqui: http://www.scielo.br/pdf/ea/v26n74/a11v26n74.pdf
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